domingo, 31 de maio de 2015

Intervir e outros verbos derivados



“O governo interviu.”
    
     A forma verbal que está em itálico é um erro muito comum quanto escrevemos, mas sobretudo quando falamos.
     O verbo intervir é formado a partir do verbo vir (inter + vir) e por isso segue a sua conjugação.
    
Assim, a conjugação do verbo vir no pretérito perfeito:
Eu vim
Tu vieste
Ele veio
Nós viemos
Vós viestes
Eles vieram

Logo:
Eu intervim
Tu intervieste
Ele interveio (o governo)
Nós interviemos
Vós interviestes
Eles intervieram


Assim, devemos dizer:

“Eu intervim na reunião.”  em vez de “Eu intervi na reunião.”
“Ele interveio na discussão.” em vez de “Ele interviu na discussão.”

     Esta regra deve aplicar-se a outros verbos formados pela adição de um prefixo a outro:
Entreter = entre + ter
Manter = man + ter
Reter = re + ter
Pressupor = pre + supor
Entrevir = entre + vir
Convir = com + vir

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Adesão VS Aderência



     As palavras adesão e aderência podem, por vezes, ser consideradas sinónimas, pois ambas exprimem a ideia de ligação. Utilizam-se, no entanto, em contextos diferentes.

Adesão – utiliza-se em relação a pessoas.

Exemplos
O filme teve muita adesão por parte do público.
Para formalizar a adesão ao cartão, dirija-se à central.

Aderência – utiliza-se em relação a coisas ou substâncias.

Exemplo
A aderência da tinta à madeira era má.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

"Molho", "molho" e "molhe"



- Cozi um molho de bróculos para acompanhar o peixe.
- Vou fazer um molho para temperar a salada.

     Molho e molho são palavras homógrafas, isto é, escrevem-se da mesma maneira mas pronunciam-se de forma diferente. Vejamos o significado dessas palavras:

Molho [ó] 1
Conjunto de coisas semelhantes unidas ou atadas (ex.: molho de chaves).
Plural: molhos [ó]

Molho [ô] 2
Líquido em que se fazem ou com que se servem iguarias.
Plural: molhos [ô].


Assim pronunciamos “molho”
- com “o” aberto quando é sinónimo de “punhado”, por exemplo, um molho de bróculos.
- com “o” fechado (môlho) quando queremos referir-nos a um tempero culinário, por exemplo “molho de tomate”
Quando se trata do plural, a distinção de sons mantem-se, ou seja, apesar de escrevermos sempre “molhos” dizemos “mólhos” de grelos e “môlhos” de tomate.

Exemplos:
- Este molho (môlho) está ótimo!
- Estes molhos (môlhos) estão ótimos!
- Comprei um molho (mólho) de bróculos.
- Comprei dois molhos (mólhos) de bróculos.


(um truque para não nos enganarmos na pronúncia é pensar que molho (de tempero) serve para “molhar” e nós pronunciamos esta palavra com o “o” fechado. Logo, molho ou molhos, se servem para molhar, também se pronunciam com o “o” fechado).


     Existe uma outra palavra, semelhante às anteriores, mas cujo significado nada tem a ver.
     No entanto, é muitas vezes confundida, por isso, será importante percebermos o seu significado para que não a usemos indevidamente.

Molhe
Paredão (em forma de cais) para abrigo de embarcações, quebrar a impetuosidade das vagas, desviar ou dirigir uma corrente, etc.

- A embarcação estava atracada perto do molhe.


"molho", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/molho [consultado em 10-05-2015].

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Concordância sujeito – predicado



     A concordância entre o sujeito e o predicado (verbo) de uma frase tem extrema importância quando queremos usar corretamente a língua. São inúmeros os casos de anúncios publicitários ou artigos de jornais e revistas nos quais a falta de concordância é uma constante.
     Veremos então alguns exemplos que nos elucidam sobre a forma correta de escrever ou falar.

1 - Quando o sujeito é simples, o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa: 
Eu gosto de uvas e tu gostas de peras.
Nós andamos de carro.
Arranjam-se chaves. (as chaves = elas)


2 - Quando o sujeito é composto, a concordância varia:

a)   Eu e tu somos cuidadosos.
     Um dos sujeitos simples é da 1.ª pessoa. Quando assim acontece, o verbo emprega-se na 1.ª pessoa do plural (nós).

b)   Tu e os teus amigos brincais muito, ou brincam muito.
     Neste exemplo, um dos sujeitos é da 2.ª pessoa. Quando assim acontece, o verbo emprega-se na 2.ª pessoa do plural (vós), mas pode também empregar-se na 3.ª (eles).

c) O casaco e os vestidos agradam à rapariga.
     Um dos sujeitos está no singular e o outro no plural (casaco, vestidos) e estão ambos antes do verbo. Quando assim acontece, isto é, quando os sujeitos são de números diferentes e estão antes do verbo, este emprega-se no plural.

d) Agradam à rapariga os vestidos e o casaco.
     O primeiro dos sujeitos é do plural e o segundo do singular. Quando assim acontece, o verbo emprega-se também no plural.

e) Agrada (ou agradam) à rapariga o casaco e os vestidos.
     O verbo está antes dos sujeitos, mas o primeiro destes é singular. Nesse caso, o verbo pode empregar-se indiferentemente no singular ou no plural.